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Contorno: Público e Privado


         Existe, de fato, uma separação entre indivíduo e coletivo.
         As barreiras que dividem os dois conceitos são formadas ao vivenciarmos a cidade psicológicamente, e são construídas físicamente por nós arquitetos. É titânico o privilégio e responsabilidade que nos é concedido.

         Que repercussões dessa nossa errônea divisão entre indivíduo e coletivo estão manifestas na Arquitetura de nossas cidades?
         No passado remoto da Grécia, o direito era de poucos. Isso nos é ensinado nos livros de história, contrapondo com o fato de que hoje "o direito é de todos". Todos, mesmo que inconscientemente, já se perguntaram se isso é mesmo verdade, já que "todos" compreende os seres humanos no planeta Terra em sua totalidade. Por que então "todos" soa tão errado?

         A população prefere viver num mundo onde tudo está pronto e feito. Ninguém quer se arriscar, errar. Nossos erros são uma manifestação de nossa subjetividade.
         A subjetividade brasileira não é igual à subjetividade japonesa.

A Casa N, do arquiteto japonês Sou Fujimoto.


         A relação entre público e privado é questionada nesse projeto. Não existe dentro e fora. Existe o dentro/fora. Com esse gesto, Fugimoto vai além do que uma simples superfície de vidro representou para a Arquitetura no Século XX, ao confundir transparência com integração. O arquiteto da outro sentido ao verbo abrir.
         Se os muros de nossas antigas cidades foram derrubados para permitir o fluxo de mercadorias, não de pessoas, na Casa N os planos derrubam paradigmas para permitir que o efêmero fluxo da Cidade entre no âmbito individual.
         Dentro da casa, não somos mais indivíduos. Somos cidadãos.
         Ser cidadão é ter união? Responsabilidade? Compromisso? Respeito?
         Ser cidadão, hoje, é ter seus olhos vendados e impossibilitados por si mesmo de enxergar. Enxergar que cidadania hoje é segregar.
         Na cidade contemporânea existe a possiblidade de matar pessoas. Basta ,nós arquitetos, não fazermos coisa alguma para que exista um exemplo capaz de quebrar paradigmas.

         Escultores como Richard Serra fazem mais pelo público e privado que um batalhão de arquitetos e construtoras em nossas grandes cidades.

Tilted Arc, Richard Serra. A Arte questiona e revela diferença.

Nossas cidades foram moldadas pelo público e privado.
Tudo parece inalcançável em nossa sociedade.

Biblioteca de Tama Art University, Toyo Ito.

         Existem lugares...esperanças...onde a escala do projeto mostra-se adequada. Onde é difícil enxergar um contorno separando o público do privado. Onde ser cidadão não é separar. É unir.

Referências:

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