Constituindo-se por uma estrutura mista de concreto, metal e madeira, essa casa em Iporanga, 120 km de São Paulo, projetada em 2006, é mais um exemplo da maneira de pensar de Lua e Pedro Nitsche, irmãos e sócios do escritório Nitsche Arquitetos Associados. Bastante experientes, os irmãos e a equipe já projetaram diversas residências (principalmente no litoral paulista, caso desta), assim como edifícios habitacionais e comerciais (como o edifício João Moura para a construtora Idea!Zarvos*).
Aproveitando a rica natureza do entorno, a residência é o resultado do empilhamento do programa em um terreno acidentado, resultando em uma arquitetura que não apresenta ineditismo formal, mas cuja materialidade, contraste dos encaixes e detalhes construtivos são impressionantes.
O programa se divide de maneira a definir zonas de uso. Uma laje plana de concreto torna-se leve em contraste com o terreno e vegetação exuberante. Sob ela, uma área destinada ao serviço divide o espaço com os troncos das árvores da área de preservação de mata atlântica. Sobre ela, o pavimento térreo marca o acesso. Dos diversos pilares que sustentam a plataforma, quatro continuam, ultrapassando a laje térrea de concreto para sustentar o pavimento superior.
A piscina divide a área com a garagem, divididos apenas pela escada que da acesso ao sub-solo. A cozinha e living dividem o mesmo espaço do corpo da casa, hora abertos para o exterior por meio de panos de vidro, hora fechados pela disposição do próprio mobiliário.
Duas escadas dão acesso ao pavimento superior. Uma delas é externa, chegando até uma grande varanda/sacada para a qual os dormitórios se abrem. A outra escada é interna.
Apoiando-se sobre os quatro pilares, e sustentando o pavimento superior, estão duas vigas metálicas em perfil I, conectadas por mais algumas vigas menores. O que chama a atenção é a cor quase ciano dos elementos estruturais, em relação de transição entre a estrutura de concreto dos pilares e a estrutura de madeira do pavimento superior. A estrutura metálica é responsável pela leveza e possibilidade dos grandes vãos e balanços requisitados pelo projeto.
Os dormitórios ficam altos o suficiente para dividir a vista com as copas das árvores. Os fechamentos são todos independentes da estrutura, utilizando a moldagem e pré-fabricação de maneira a melhor se adaptar à região e terreno praiano do Guarujá. Definindo zonas de uso e materialidade marcante, o escritório Nitsche demonstra quão poderosa é a arquitetura brasileira contemporânea. Se formalmente não há novidades, por outro lado, a maneira como o programa e a estrutura são pensadas resultam em uma lufada de ar fresco.
Vimos o projeto no ArchDaily Brasil, clicando aqui.
Todas as fotografias são de Nelson Kon.
Para mais informações, não deixe de acessar o site do escritório, clicando aqui.
Para ler uma excelente entrevista com Pedro e Lua Nitsche, publicada no site [ENTRE], clique aqui.
*Talvez seja importante chamar a atenção para o projeto que o escritório desenvolveu para a construtora Idea!Zarvos. Não apenas projetou o edifício João Moura, mas também os tapumes vermelhos característicos das obras da construtora. O design dos tapumes ficou a cargo de João Nitsche, irmão caçula de Lua e Pedro, que é artista plástico. Para mais informações sobre o tapume e os projetos da Idea!Zarvos, clique aqui.
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