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Um Pritzker por favor?


         Alguns dias depois do anúncio do ganhador do prêmio Pritzker desse ano (veja aqui), eis que todo o foco se volta a outra discussão...uma antiga aliás: Por que Denise Scott Brown não foi indicada ao Pritzker junto com Robert Venturi em 1991?

Desenho do sempre bem humorado Klaustoon, parodiando o discurso do SANAA no Pritzker de 2010.

         O assunto é antigo e remonta ao início da década de 1990. Desde então, a discussão volta quando um prêmio é dado em circunstâncias similares. Três casos são simbólicos:
         > Herzog & De Meuron (2001): Até então, o Pritzker havia premiado somente um indivíduo por ano (com exceção do prêmio de 1988, em que houve a dupla premiação de Oscar Niemeyer e de Gordon Bunshaft). A polêmica ganhou força: se a premiação poderia reconhecer um esforço coletivo de trabalho, premiando uma parceria, por que não fizeram o mesmo em 1991?
         > SANAA (2010): Idem.
         > Wang Shu (2012): O arquiteto chinês, assim como Venturi, mantem prolífica parceria com sua esposa e sócia Lu Wenyu, vital para o desenvolvimento e sucesso de sua carreira. Ela não é uma coadjuvante, de fato participa ativamente nos projetos do escritório. Por que então não incluí-la no prêmio? (leia mais sobre isso, aqui).

         É fato que arquiteto nenhum trabalha sozinho. Essa imagem foi e ainda é muito divulgada na mídia, do arquiteto demiurgo, que se senta à prancheta e dá a luz a soluções que vão revolucionar a construção. Do momento que o cliente entra no escritório, até a finalização de uma obra, um mar de profissionais são envolvidos, contribuindo em diversos níveis para a qualidade final do projeto.
         Do engenheiro civil ao pedreiro, todos tem sua parcela de importância. Mas se o Pritzker tem a pretensão de premiar uma entidade arquitetônica, representante de um trabalho relevante, que assim seja. Contudo, é importante frisar que os tempos mudam, e uma premiação deve saber mudar junto com o restante da sociedade. Não premiar Denise Scott Brown em 1991, (infelizmente) é uma coisa. Voltar a fazer o mesmo com Lu Wenyu em 2012 é outra coisa, é repetir os estigmas do passado.

Notícia de hoje no site ArchDaily.

         Em um artigo publicado recentemente no site Notes on Becoming a Famous Architect, Conrad Newel descreve uma experiência interessante: uma das pessoas responsáveis pelo prêmio Pritzker leu suas críticas sobre a premiação de 2012, e lhe mandou um e-mail agradecendo. O blogueiro não deixou barato, e teceu um longo texto onde cita, entre outras coisas, o fato de Denise Scott Brown não ter sido reconhecida até hoje. Não sabemos se foi coincidência, mas algumas horas depois a própria Denise Scott Brown reivindicou seu reconhecimento (após alguns anos sem falar no assunto).
         A questão é: e agora Pritzker? Voltam atrás? Entregam um Pritzker apenas a ela?

         Seria isso tudo um plano maligno de Peter Eisenman, por ainda não ter sido reconhecido? Hahaha


Não deixe de visitar os blogs citados:
> Notes on Becoming a Famous Architect
> Klaustoon
Link para a notícia de hoje no ArchDaily:
http://www.archdaily.com/355253/robert-venturi-and-rem-koolhaas-side-with-denise-scott-brown-on-pritzker-debate/

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