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O traço dos artistas


         Nos últimos meses, a mídia vem cobrindo as polêmicas em torno das obras do arquiteto Santiago Calatrava. Artigos como esse, somados a constantes discussões no meio profissional (faculdades e escritórios), tem levantado questões pouco discutidas: até onde vai o papel artístico do arquiteto? Arquitetura como mera forma? As consequencias da profissão?
         Mesmo depois de décadas de evolução das técnicas, a sociedade tem ainda uma visão distorcida do que fazemos. O arquiteto é reverenciado como um artística "chique", que atende aos anseios da menor parcela da sociedade (rica). Uma obra arquitetônica ainda é vista como sinal de status.
         Ainda se endeusa o arquiteto artista, que senta na frente da prancheta e compõem um bonito desenho, sem a ajuda de mais ninguém, capaz de transformar e embelezar nossas cidades. O mito da profissão.

         E o projeto executivo? Desenhos técnicos?

         O que separa um croqui inspirado, e o edifício finalizado, é a verdadeira atividade do arquiteto. É nosso, e dos demais profissionais envolvidos, especificar e detalhar o projeto, tornando sonhos em realidade palpável.


         A falta dessa atividade, descrita acima, têm levado os holofotes da mídia ao arquiteto espanhol Santiago Calatrava, cujas obras espalhadas pelo mundo inteiro, conhecidas por sua estripulias estruturais, vêm apresentando problemas graves. Problemas como: ferrugens, rachaduras, infiltrações...



         Desde o projeto do Museu Guggenheim em Bilbao, diversas outras cidades vem tentando repetir o milagre econômico proveniente da construção de grandes marcos e símbolos. Esse chamado "efeito Bilbao", tem conferido a arquitetos como Calatrava, Daniel Libeskind e o canadense Frank Gehry (autor do museu "milagroso" de Bilbao) diversas encomendas com grande retaguarda financeira, gerando arquiteturas arrojadas e ostensivas, executadas com mão de obra precária e em cronogramas apertados.


         Para a copa de 2014 que acontecerá no Brasil, há uma corrida contra o tempo e má administração das obras dos estádios. Na imagem acima, é possível visualizar o resultado deste tempo apertado.

         Tal como no caso de Brasília, 50 anos em 5, houveram muitos acidentes e mortes no grande canteiro de obras da capital. Em condições precárias de trabalho e técnicas (artesanais) criava-se grandes obras arquitetônicas, surreais em sua escala. Os candangos, construiam “tipojo por tijolo” em um desenho ilógico, as grandes pretenções dos governantes, através do traço dos artistas.



   Imagens em ordem:
> Imagem 1: Torre de comunicações de Barcelo [Santiago Calatrava]
   http://www.citytoursbarcelona.com/castellano/fotos/santiago-calatrava-torre-de-comunicaciones
> Imagem 2 e 3: Palácio das Artes de Valencia [Santiago Calatrava]
> Imagem 4: Acidente no Estádio Itaquerão, São Paulo
> Imagem 5: Operários na obra do Congresso de Brasília [Oscar Niemeyer]

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